Resumo
A crise climática e a perda de biodiversidade são duas das maiores ameaças ambientais globais do século XXI. Este artigo explora a interdependência entre biodiversidade e mudanças climáticas, analisando como políticas climáticas podem integrar a conservação da biodiversidade e vice-versa. A partir de uma revisão bibliográfica, discutem-se as sinergias e trade-offs entre ações climáticas e conservação biológica, destacando iniciativas internacionais e recomendações para uma governança ambiental integrada.
Introdução
A biodiversidade e o clima são interdependentes. Mudanças climáticas afetam ecossistemas e espécies, enquanto a biodiversidade desempenha papel crucial na regulação do clima. No entanto, por décadas, políticas climáticas e estratégias de conservação foram tratadas de forma paralela. A crescente urgência ambiental exige abordagens integradas. Este artigo visa analisar como a biodiversidade está sendo incorporada na agenda climática e por que isso é essencial para a resiliência planetária.
Interações entre Biodiversidade e Clima
Ecossistemas como florestas, rios, manguezais e oceanos funcionam como sumidouros de carbono, contribuindo para a mitigação climática (IPCC, 2022). Por outro lado, o aumento da temperatura global e eventos extremos têm provocado deslocamentos de espécies, extinções locais e alterações nos serviços ecossistêmicos (CBD, 2020).
A Biodiversidade na Convenção do Clima e em Acordos Internacionais
O Acordo de Paris (2015) reconhece a importância dos ecossistemas na adaptação e mitigação, mas a incorporação explícita da biodiversidade ainda é limitada. A COP15 da Convenção sobre Diversidade Biológica, realizada em 2022, firmou o Marco Global da Biodiversidade de Kunming-Montreal, reforçando a necessidade de articulação entre as duas agendas (CBD, 2022).
Desafios e Oportunidades para a Integração
A integração efetiva depende de instrumentos como Soluções Baseadas na Natureza (SbN), que promovem simultaneamente conservação e ação climática (IUCN, 2021). Contudo, conflitos entre políticas de reflorestamento e diversidade biológica, como plantações de espécies exóticas, ainda são comuns (Seddon et al., 2020).
Considerações finais
A sinergia entre políticas climáticas e de biodiversidade é fundamental para atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Governos, setor privado e sociedade civil devem promover ações que considerem a complexidade ecológica e social envolvida nas estratégias de adaptação e mitigação.
Francisco Generozzo da Silva é Bacharel em Direito, Professor em diversas áreas, doutor em Direito Internacional e Mestre em Química, com experiência em pesquisa e síntese do Carbono em Orgânica e em Políticas Públicas.
Referências
CBD – CONVENTION ON BIOLOGICAL DIVERSITY. Global Biodiversity Outlook 5. Montreal: CBD, 2020.
CBD. Kunming-Montreal Global Biodiversity Framework. Montreal: CBD, 2022.
IPCC – INTERGOVERNMENTAL PANEL ON CLIMATE CHANGE. Climate Change 2022: Impacts, Adaptation and Vulnerability. Contribution of Working Group II to the Sixth Assessment Report. Cambridge University Press, 2022.
IUCN – INTERNATIONAL UNION FOR CONSERVATION OF NATURE. Nature-based Solutions Global Standard. Gland: IUCN, 2021.
SEDDON, N. et al. Understanding the value and limits of nature-based solutions to climate change and other global challenges. Philosophical Transactions of the Royal Society B, v. 375, n. 1794, 2020.