Nesta terça-feira, 9 de abril, a Ministra de Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, apresentará o projeto das 5 Rotas de Integração Sul-Americana, em encontro organizado pelo Governo do Acre através da Secretaria de Estado de Indústria, Ciência e Tecnologia (Seict).
O Estado do Acre será diretamente beneficiado pela rota Quadrante Rondon (rota 3), que viabiliza uma saída para o pacífico, via portos do Peru. São nove obras no Acre diretamente relacionadas à integração, envolvendo infraestrutura de transportes, energética e digital.

Durante séculos, o foco do Brasil no comércio eram os países da Europa e os Estados Unidos, o que privilegiou as rotas pelo Atlântico. Nas últimas décadas, ocorreu um deslocamento da produção rumo ao Centro-Oeste e ao Norte e um incremento muito forte do comércio com os países asiáticos.
Em 2002, quando a agenda de integração sul-americana tinha acabado de ser inaugurada a partir do antigo Ministério do Planejamento, a corrente de comércio entre o Brasil e os vizinhos era parelha com a asiática. O Brasil importava US$ 8,7 bilhões dos vizinhos da América do Sul e US$ 8 bilhões dos asiáticos. Nas exportações, os valores também eram próximos: US$ 7,4 bilhões em bens e serviços para os países da América do Sul e US$ 8,8 bilhões aos asiáticos. Desde então, as exportações para a Ásia explodiram: chegaram a US$ 152,4 bilhões em 2023. Para os vizinhos, o crescimento foi mais modesto, atingindo US$ 40 bilhões. Os dados sugerem que o Brasil pode aumentar o comércio com os países vizinhos e indicam a necessidade de novas rotas, mais curtas e logisticamente menos custosas, diante da força das exportações e importações com a Ásia.
Comércio exterior do Acre
O Acre exportou US$ 45,8 milhões em 2023. Desse total, 21% têm como destino o vizinho Peru (carnes suínas e castanha do Pará respondendo por 78% do total) e outros 5% a vizinha Bolívia (diversos alimentos). Entre 2000 e 2023, as importações do Acre caíram de US$ 9,8 milhões para US$ 5,2 milhões.
Os intercâmbios comerciais do Acre com a Bolívia e o Peru só ganharam relevância a partir de 2004 e 2010, respectivamente, após as inaugurações das pontes binacionais e da pavimentação do trecho peruano até Cusco, em 2010, e da construção da ponte Billinghurst, em Puerto Maldonado, em 2011. Essas obras em território peruano fizeram parte da carteira de projetos concluídos da IIRSA/Cosiplan, sinalizando a importância de planos anteriores de integração regional.
Antes da inauguração das pontes de Brasiléia (AC) com a Bolívia, em 2004, e de Assis Brasil (AC) com o Peru, em 2006, o Acre não exportava de maneira regular para seus dois vizinhos.
Já em 2023, 22% das vendas do Estado saíram do país por Assis Brasil. Nos próximos anos, o Acre e estados adjacentes podem se beneficiar de caminhos alternativos aos portos do
Atlântico, tanto para as exportações intrarregionais quanto para aquelas destinadas aos mercados da Ásia. Atualmente, o Porto de Manaus (30%), acessado desde Porto Velho (RO) por meio da hidrovia do Madeira, concentra parcela expressiva da saída de produtos acreanos.
Em 2023, a soja se tornou o principal produto exportado pelo estado, representando mais de 40% do total de vendas do Estado, refletindo o aumento da importância desse cultivo para a economia acreana, o que também reforça a necessidade de novas saídas. 72% da soja exportada pelo Acre teve como destino a Europa.
O Acre é o único estado brasileiro que cruza somente um país para chegar ao oceano
Pacífico, o Peru. O país vizinho está recebendo consideráveis investimentos chineses no
megaporto de Chancay, que pode se tornar uma alternativa logística para as exportações e importações extrarregionais e intrarregionais do Acre, Rondônia e também Amazonas e Mato Grosso.
Obras do PAC e a Rota Quadrante Rondon no Acre
A principal obra do Novo PAC no Acre é a construção do Contorno de Brasiléia, na BR-317, Além disso, a restauração da BR-364, entre as cidades acreanas de Cruzeiro do Sul e Rio Branco também consta do Novo PAC.
A BR-317 conecta o Acre com a Bolívia, onde as cidades de Brasiléia e Epitaciolândia integram-se à boliviana Cobija (departamento de Pando), via ponte binacional Wilson Pinheiro. A mesma rodovia liga Assis Brasil com a peruana Iñapari (departamento de Madre de Dios) via ponte da Integração Brasil-Peru, 110 quilômetros depois. Assis Brasil está localizada a 3.800 quilômetros do Porto de Santos (SP), a 1.800 quilômetros do porto de Chancay, no Peru, e a menos de 1.200 quilômetros dos portos de Ilo e Matarani, também no Peru.
Também estão no “PAC da Integração”, a linha de transmissão entre Feijó e Cruzeiro do Sul, que permitirá interligar os munícipios do interior do Estado ao Sistema Interligado Nacional
e, assim, ao resto do país, eliminando a necessidade de geração de energia gerada a base de óleo diesel no meio da floresta Amazônica, que tem alto custo financeiro e ambiental para o Acre.
Integração digital é outro projeto do PAC. A extensão da infovia estadual no Acre está sendo executada pela Rede Brasileira para Educação e Pesquisa (RNP). A obra prevê a conexão, por meio de fibra ótica, de Cruzeiro do Sul, Tarauacá, Feijó, Sena Madureira, passando por Rio Branco e indo até Xapuri, perto da fronteira com a Bolívia.
As rotas de integração têm o duplo papel de incentivar e reforçar o comércio do
Brasil com os países da América do Sul e reduzir o tempo e o custo do transporte
de mercadorias entre o Brasil e diferentes mercados externos. O encontro terá transmissão em tempo real através da plataforma YouTube no canal Governo do Acre (https://www.youtube.com/watch?v=lh1r9Xyt-dA).
Fonte: Ministério do Planejamento e Orçamento.